quinta-feira, maio 31, 2007

Não tardes














Não tardes esta noite meu amor!

- Que a ânsia de ter-te me queima
e nem o frescor dos lençóis
me acalma…
Ah! São delírios na pele o que sinto
quando penso no teu corpo sobre o meu
e em movimentos lentos,
sinto os pensamentos meus
serem teus...

Prisioneira que sou dos teus braços…
Ah! Quando eterna…
Quando eterna sou por ti possuída.

Ah! Esta noite…

Esta noite...

- Não tardes meu amor!



Gabriela Moura




pindaro

quarta-feira, maio 30, 2007

Against the current





So we beat on, boats against the current, borne back ceaselessly into the past.

F. Scott Fitzgerald



pindaro

Tudo passando









Que é que vês?
Mares, rios, árvores, montes, vales, campinas, desertos, povoados: e tudo passando.

Os mares em contínuas crescentes e minguantes: os rios sempre correndo; as árvores sempre remudando-se, ora secas, ora floridas, ora murchas: os montes já foram vales, e os vales já foram montes, ou campinas; os desertos já foram povoados, e os povoados agora já foram desertos. Mas olha em especial para os povoados, porque o mundo são os homens.

Tudo está fervendo em movimentos que acabam, e começam; uns a sair dos ventres das mães, outros a entrar no ventre da sepultura; aqueles cantam, dali a pouco choram; estoutros choram, e dali a pouco cantam; aqui se está enfeitando um vivo, parede meia estão amortalhando um defunto; aqui contratam, acolá destratam; aqui conversam, acolá brigam; aqui estão à mesa rindo, e fartando-se, acolá estão no leito gemendo o que riram, e sangrando-se do que comeram.

Manuel Bernardes



pindaro

Pede o desejo, Dama, que vos veja

















Pede o desejo, Dama, que vos veja,
não entende o que pede; está enganado.
É este amor tão fino e tão delgado,
que quem o tem não sabe o que deseja.

Não há cousa a qual natural seja
que não queira perpétuo seu estado;
não quer logo o desejo o desejado,
porque não falte nunca onde sobeja.

Mas este puro afeito em mim se dana;
que, como a grave pedra tem por arte
o centro desejar da natureza,

assi o pensamento (pola parte que
vai tomar de mim, terreste [e] humana)
foi, Senhora, pedir esta baixeza.

Luis de Camões



Pindaro

Everness













Sólo una cosa no hay. Es el olvido.
Dios, que salva el metal, salva la escoria
Y cifra en Su profética memoria
Las lunas que serán y las que han sido.

Ya todo está. Los miles de reflejos
Que entre los dos crepúsculos del día
Tu rostro fue dejando en los espejos
Y los que irá dejando todavía.

Y todo es una parte del diverso
Cristal de esa memoria, el universo;
No tienen fin sus arduos corredores

Y las puertas se cierran a tu paso;
Sólo del otro lado del ocaso
Verás los Arquetipos y Esplendores.

jorge luis borges



pindaro

For the first time


















We shall not cease from exploration,
and the end of all our exploring will be to arrive where we started
and know the place for the first time.

T. S. Eliot



pindaro

terça-feira, maio 29, 2007

En mémoire
























L'amour c'est quand le temps se transforme en mémoire et nous fait le présent d'un passé plein d'espoir


Yves Duteil





pindaro

Quelquefois


Dans le premier amour, on prend l'âme bien avant le corps ; plus tard on prend le corps bien avant l'âme ; quelquefois on ne prend pas l'âme du tout.
Victor Hugo




pindaro

Sans soif









Boire sans soif et faire l'amour en tout temps, madame, il n'y a que ça qui nous distingue des autres bêtes.

Beaumarchais


pindaro

La nuit du vent







Quand nous rions, nous nous vidons et le vent passe en nous, remuant portes et fenêtres, introduisant en nous la nuit du vent.

Paul Eluard




pindaro

Pour voltiger




Si l'amour porte des ailes, n'est-ce pas pour voltiger?

Pierre Augustin Caron de Beaumarchais



pindaro

segunda-feira, maio 28, 2007

Longamente tristes




Teus olhos, Honorine, cruzaram Oceanos,
Longamente tristes, sequiosos,
Como flor aberta na sombra em busca do sol.
Vieram com o vento e com as ondas.
Através dos campos e bosques de beira-mar.
Vieram até mim, estudante triste

Dum país do Sul.


Ruy Cinnati




pindaro

O mais secreto bailar






Mar sonoro, mar sem fundo mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós.
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.




Sophia Mello Breyner






pindaro

Impressões finas





Há pequenas impressões finas como um cabelo e que, uma vez desfeitas na nossa mente, não sabemos aonde elas nos podem levar. Hibernam, por assim dizer, nalgum circuito da memória e um dia saltam para fora, como se acabassem de ser recebidos. Só que, por efeito desse período de gestação profunda, alimentada ao calor do sangue e das aquisições da experiência temperada de cálcio e de ferro e de nitratos, elas aparecem já no estado adulto e prontas a procriar. Porque as memórias procriam como se fossem pessoas vivas.




Agustina Bessa-Luís





pindaro

O vento há-de soprar









Abandonei-me ao vento. Quem sou, pode
explicar-te o vento que me invade.
E já perdi o nome ao som da morte,
ganhei um outro, livre, que me sabe

quando me levantar e o corpo solte
o seu despojo vão. Em toda a parte
o vento há de soprar, onde não cabe
a morte mais. A morte a morte explode.

E os seus fragmentos caem na viração
e o que ela foi na pedra se consome.
Abandonei-me ao vento como um grão.

Sem a opressão dos ganhos, utensílio,
abandonei-me. E assim fiquei conciso,
eterno. Mas o amor guardou meu nome.



Carlos Nejar






pindaro

Trivial pursuit



O melhor de uma verdade é o que dela nunca se chega a saber


Virgilio Ferreira





pindaro

Primeira namorada








Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de coração me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele prá sala
Pra os lugares mais bonitos mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas . . .

— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.



Manuel Bandeira


pindaro

Solidão












Ó solidão! À noite, quando, estranho,
Vagueio sem destino, pelas ruas,
O mar todo é de pedra... E continuas.
Todo o vento é poeira... E continuas.
A lua, fria, pesa... E continuas.
Uma hora passa e outra... E continuas.
Nas minhas mãos vazias continuas,
No meu sexo indomável continuas,
Na minha branca insónia continuas,
Paro como quem foge. E continuas.
Chamo por toda a gente. E continuas.
Ninguém me ouve. Ninguém! E continuas.
Invento um verso... E rasgo- o. E continuas.
Eterna, continuas...
Mas sei por fim que sou do teu tamanho!



Pedro Homem de Mello





pindaro

domingo, maio 27, 2007

De brusler




Quels doux supplices
Quelles délices,
De brusler dans les flammes
De la beauté des Dammes



Antoine Boesset


pindaro

Marinhagem dos enigmas




Beau, frais, souriant d´aise à cette vie amère



Sainte-Beuve





pindaro

La Beauté







Platon indique bien que c´est la voie normale d´aimer d´abord un beau corps, puis tous les beaux corps avant d´en arriver à aimer la Beauté.

Roger Vailland



pindaro

sábado, maio 26, 2007

C´est un flux



La vie ne se laisse pas voir. Elle ne se laisse que vivre.

Cateherine Breillat





pindaro

sexta-feira, maio 25, 2007

Com frutos e pecado




No barco sem ninguém, anónimo e vazio,
ficámos nós os dois, parados, de mão dada...
Como podem só dois governar um navio?
Melhor desistir e não fazermos nada!
Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos,
tornamo nos reais, e de madeira, à proa...
Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos...
Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa...

Aparentes senhores de um barco abandonado,
nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem...
Aonde iremos ter? Com frutos e pecado,
se justifica, enflora, a secreta viagem!

Agora sei que és tu quem me fora indicada.
O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos.
Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada,
a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!


David Mourão-Ferreira



pindaro

Meu limão de amargura





Meu amor meu amor
meu corpo em movimento
minha voz à procura
do seu próprio lamento.

Meu limão de amargura meu punhal a escrever
nós parámos o tempo não sabemos morrer
e nascemos nascemos
do nosso entristecer.

Meu amor meu amor
meu nó e sofrimento
minha mó de ternura
minha nau de tormento
este mar não tem cura este céu não tem ar
nós parámos o vento não sabemos nadar
e morremos morremos
devagar devagar
.


Ary dos Santos






pindaro

Querela de aves








Congresso de gaivotas neste céu
Como uma tampa azul cobrindo o Tejo.
Querela de aves, pios, escaracéu.
Ainda palpitante voa um beijo.

Donde teria vindo! (não é meu...)
De algum quarto perdido no desejo?
De algum jovem amor que recebeu
Mandado de captura ou de despejo?

É uma ave estranha: colorida,
Vai batendo como a própria vida,
Um coração vermelho pelo ar.

E é a força sem fim de duas bocas,
De duas bocas que se juntam, loucas!
De inveja as gaivotas a gritar...



Alexandre O`Neill



pindaro

Je n’ai pas pour maîtresse une lionne illustre
















Je n'ai pas pour maîtresse une lionne illustre :
La gueuse, de mon âme, emprunte tout son lustre ;
Invisible aux regards de l'univers moqueur,
Sa beauté ne fleurit que dans mon triste coeur.

Pour avoir des souliers elle a vendu son âme.
Mais le bon Dieu rirait si, près de cette infâme,
Je tranchais du Tartufe et singeais la hauteur,
Moi qui vends ma pensée et qui veux être auteur.

Vice beaucoup plus grave, elle porte perruque.
Tous ses beaux cheveux noirs ont fui sa blanche nuque ;
Ce qui n'empêche pas les baisers amoureux.
De pleuvoir sur son front plus pelé qu'un lépreux.

Elle louche, et l'effet de ce regard étrange
Qu'ombragent des cils noirs plus longs que ceux d'un ange,
Est tel que tous les yeux pour qui l'on s'est damné
Ne valent pas pour moi son oeil juif et cerné.

Elle n'a que vingt ans ; - la gorge déjà basse
Pend de chaque côté comme une calebasse,
Et pourtant, me traînant chaque nuit sur son corps,
Ainsi qu'un nouveau-né, je la tette et la mords,

Et bien qu'elle n'ait pas souvent même une obole
Pour se frotter la chair et pour s'oindre l'épaule,
Je la lèche en silence avec plus de ferveur
Que Madeleine en feu les deux pieds du Sauveur.

La pauvre créature, au plaisir essoufflée,
A de rauques hoquets la poitrine gonflée,
Et je devine au bruit de son souffle brutal
Qu'elle a souvent mordu le pain de l'hôpital.

Ses grands yeux inquiets, durant la nuit cruelle,
Croient voir deux autres yeux au fond de la ruelle,
Car, ayant trop ouvert son coeur à tous venants,
Elle a peur sans lumière et croit aux revenants.

Ce qui fait que de suif elle use plus de livres
Qu'un vieux savant couché jour et nuit sur ses livres,
Et redoute bien moins la faim et ses tourments
Que l'apparition de ses défunts amants.

Si vous la rencontrez, bizarrement parée,
Se faufilant, au coin d'une rue égarée,
Et la tête et l'oeil bas comme un pigeon blessé,
Traînant dans les ruisseaux un talon déchaussé,

Messieurs, ne crachez pas de jurons ni d'ordure
Au visage fardé de cette pauvre impure
Que déesse Famine a par un soir d'hiver,
Contrainte à relever ses jupons en plein air.

Cette bohème-là, c'est mon tout, ma richesse,
Ma perle, mon bijou, ma reine, ma duchesse,
Celle qui m'a bercé sur son giron vainqueur,
Et qui dans ses deux mains a réchauffé mon coeur.


Charles Baudelaire




pindaro

quinta-feira, maio 24, 2007

L´infini



Le mystère a ses mystères. Les Dieux possèdent leurs dieux. Nous avons les nôtres, ils ont les leurs. C'est ce qui s'appelle l'infini.

Jean Cocteau


pindaro

L´immense


















L'abîme ; on ne sait quoi de terrible qui gronde ;
Le vent ; l'obscurité vaste comme le monde ;
Partout les flots ; partout où l'œil peut s'enfoncer,
La rafale qu'on voit aller, venir, passer ;
L'onde, linceul ; le ciel, ouverture de tombe ;
Les ténèbres sans l'arche et l'eau sans la colombe,
Les nuages ayant l'aspect d'une forêt.
Un esprit qui viendrait planer là, ne pourrait
Dire, entre l'eau sans fond et l'espace sans borne,
Lequel est le plus sombre, et si cette horreur morne,
Faite de cécité, de stupeur et de bruit,
Vient de l'immense mer ou de l'immense nuit.



Victor Hugo



pindaro

Un baiser









L'océan resplendit sous sa vaste nuée.
L'onde, de son combat sans fin exténuée,
S'assoupit, et, laissant l'écueil se reposer,
Fait de toute la rive un immense baiser.


Victor Hugo



pindaro

Avec les flots et le vent





"Comme Démosthène, il converse avec les flots et le vent ; autrefois il rôdait solitaire dans les lieux bouillonnant de vie humaine ; aujourd'hui, il marche dans des solitudes peuplées par sa pensée. Ainsi est-il peut-être encore plus grand et plus singulier. Les couleurs de ses rêveries se sont teintées en solennité, et sa voix s'est approfondie en rivalisant avec celle de l'océan …
S'il peint la mer, aucune marine n'égalera les siennes. Les navires qui en rayent la surface ou qui en traversent les bouillonnements auront, plus que tous ceux de tout autre peintre, cette physionomie de lutteurs passionnés, ce caractère de volonté et d'animalité qui se dégage si mystérieusement d'un appareil géométrique et mécanique de bois, de fer, de cordes et de toiles ; animal monstrueux créé par l'homme, auquel le vent et le flot ajoutent la beauté d'une démarche…"


Charles Beaudelaire
(sur Victor Hugo)




pindaro

Y navego en cada resonancia







He aquí que el silencio fue integrado
por el total de la palabra humana,
y no hablar es morir entre los seres:
se hace lenguaje hasta la cabellera,
habla la boca sin mover los labios,
los ojos de repente son palabras...
...Yo tomo la palabra y la recorro
como si fuera sólo forma humana,
me embelesan sus líneas
y navego en cada resonancia del idioma...


Pablo Neruda


pindaro

Only an attitude remains




Only an attitude remains:
Time has transfigured them into
Untruth. The stone fidelity
They hardly meant has come to be
Their final blazon, and to prove
Our almost-instinct almost true:
What will survive of us is love
.


Philip Larkin





Pindaro

quarta-feira, maio 23, 2007

Lontano nel tempo





Lontano lontano nel tempo
qualche cosa
negli occhi di un altro
ti farà ripensare ai miei occhi
i miei occhi che t'amavano tanto
E lontano lontano nel mondo
in un sorriso
sulle labbra di un altro
troverai quella mia timidezza
per cui tu
mi prendevi un po' in giro
E lontano lontano nel tempo
l'espressione
di un volto per caso
ti farà ricordare il mio volto
l'aria triste che tu amavi tanto
E lontano lontano nel mondo
una sera sarai con un altro
e ad un tratto
chissà come e perché
ti troverai a parlargli di me
di un amore ormai troppo lontano.


Luigi Tenco



pindaro

Que o cavalo arrebatou





Não cantarei a virgem que o cavalo
Com um xairel de sangue arrebatou,
Quebrada pelo bruto, - nem levá-lo
Ao potro vingador de um verso vou.

Não cantarei tal noite aziaga. Falo
Apenas do que tenho, do que sou
Com ela, como o vinho no gargalo
Do frasco em que me bebe e me esgotou.

Nem cantarei a vítima do resto,
Violada na inocência que perdeu
Nas emboscadas de um punício lodo:

Que só meu próprio amor acendo. E atesto
A chama da Victória que me deu
Na margarida branca o mundo todo.

Vitorino Nemésio



pindaro

terça-feira, maio 22, 2007

Cette hésitation


Le poème – cette hésitation prolongée entre le son et le sens.


Paul Valéry





pindaro

Bicho instruído




Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.



Carlos Drummond de Andrade




pindaro

O sumo e o traço





Na vida, os factos são o limão na ostra.

Clarice Lispector



pindaro

Musica de Shubert




Sombras de amores
em bailado longínquo , num palco sem fundo
como um fundo de espelho
...


Guimarães Rosa




pindaro

Até encontrar o teu gosto














Se eu pudesse beber-te, ó noite,
Até encontrar o teu gosto,
Ou mordendo a ponta do açoite
Da tua treva no meu rosto,

Achasse a planície de lume
De que és uma aresta de estrelas
E sonhando sem peso e volume
Fosse um sonho de chão a tece-las

E na praia de um trilo sem flauta,
Instrumento das harpas do fundo
Duma água escorrida da pauta
Da manhã mais antiga do mundo,

Me estendesses, ó noite florida
Das sementes que trazes no punho,
Uma adolescência impelida
Pelo arco das brisas de junho!


Natália Correia




pindaro

A sensação de um roubo






De tal ordem é e tão precioso
o que devo dizer-lhes
que não posso guardá-lo
sem que me oprima a sensação de um roubo:
cu é lindo!

Fazei o que puderdes com esta dádiva.
Quanto a mim dou graças
pelo que agora sei
e, mais que perdôo, eu amo.



Adélia Prado






pindaro

Tenta-me de novo





















E por que haverias de querer minha alma
Na tua cama?
Disse palavras líquidas, deleitosas, ásperas
Mas não menti gozo prazer lascívia
Nem omiti que a alma está além, buscando
Aquele Outro. E te repito: por que haverias
De querer minha alma na tua cama?
Jubila-te da memória de coitos e de acertos.
Ou tenta-me de novo. Obriga-me.


Hilda Hist


pindaro

segunda-feira, maio 21, 2007

Viajar veredas





Me faz bem
Esse jeito de se enroscar,
De chegar mansinho e se aninhar,
De me fazer seu par

Me faz bem
Esse jeito bom de gostar,
Viajar veredas que são mistério maior
Que o fundo do mar

Bem...

Me faz bem,
Arrepio de imaginar,
Me perder no lume do teu olhar,
Respirar, tocar
O teu corpo solto no cio

Me faz bem
Ser o velho lobo do mar
Que não cansa de navegar
Pois muito tesouro existe por lá
Me faz bem teu jeito de amar
Tens mais mistérios do que o mar



Carlos Coutinho


pindaro

domingo, maio 20, 2007

A ausência dela




O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.



Alberto Caeiro
pindaro

sábado, maio 19, 2007

A regra do jogo








Tromper, jouer, trahir : les secrets d'amour.
Camille Laurens



pindaro

Obscuridades aparentes






Mon âme a son secret, ma vie a son mystère.


Alexis-Félix Arvers



Pindaro

Innuendo



C'est le propre des oeuvres vraiment artistiques, d'être une source inépuisable de suggestions.

Charles Baudelaire



Pindaro

sexta-feira, maio 18, 2007

La narración




El poema es la narración del viage


Federico Garcia Lorca




pindaro

O melhor e o pior das pessoas

















O amor é algo muito interior, algo que não se pode explicar. Os românticos diziam que era um puro movimento das emoções e tampouco se pode explicar como uma sublimação do instinto sexual. No amor, há algo mais, é algo estranho, algo que implica tudo o que é a condição humana: o instinto, o sexo, a paixão, também o espírito e certos fantasmas do inconsciente que rapidamente se instalam num tipo de relação que faz aparecer o melhor e o pior das pessoas.

Mário Vargas Llosa


pindaro

Paroles



Le silence est fait de paroles que l'on n'a pas dites.
Marguerite Yourcenar



Pindaro

Kwaheri means farewell



A map in the hands of a pilot is a testimony of a man's faith in other men; it is a symbol of confidence and trust.

It is not like a printed page that bears mere words, ambiguous and artful, and whose most believing reader--even whose author perhaps--must allow in his mind a recess for doubt.

A map says to you, 'Read me carefully, follow me closely, doubt me not".

It says, 'I am the earth in the palm of your hand. Without me, you are alone and lost.'

And indeed you are.

Were all the maps in this world destroyed and vanished under the direction of some malevolent hand, each man would be blind again, each city be made a stranger to the next, each landmark become a meaningless signpost pointing to nothing.

Yet, looking at it, feeling it, running a finger along its lines, it is a cold thing, a map, humourless and dull, born of calipers and a draughtsman's board.

That coastline here, that ragged scrawl of scarlet ink shows neither sand nor sea nor rock; it speaks or no mariner, blundering full sail in wakeless seas, to bequeath, on sheepskin or a slab of wood, a priceless scribble to posterity.

This brown blot that marks a mountain has, for the casual eye, no other significance, though twenty men, or ten, or only one, may have squandered life to climb it.

Here is a valley, there a swamp, and there a desert; and here is a river that some curious and courageous soul, like a pencil in the hand of God, first traced with bleeding feet.

Here is your map. Unfold it, follow it, then throw it away, if you will. It is only paper. It is only paper and ink, but if you think a little, if you pause a moment, you will see that these two things have seldom joined to make a document so modest and yet so full with histories of hope or sagas of conquest.

No map I have flown by has ever been lost or thrown away; I have a trunk containing continents....”

Beryl Markham


pindaro